quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A Maldição do Cinema - 'Raiva'


Raiva (Kalevet - Rabies)
Diretor: Aharon Keshales, Navot Papushado
Roteiro: Aharon Keshales, Navot Papushado
Ano: 2010
País: Israel
Atores: Lior Ashkenazi, Ania Bukstein, Danny Geva

Apresentado como o primeiro filme de terror de Israel (Acredito que o correto seja o primeiro slasher feito em Israel), Raiva é um filme que apresenta todos os clichês do subgênero sem rodeios. O assassino, a vítima, a companhia da vítima que, livre, corre por ajuda, quatro adolescentes gostosos, duas garotas e dois garotos viajando de carro rumo a um final de semana de festas e sexo, e um casal, moradores da região, donos de um cachorro, que seguem uma vida pacata e sem surpresas. Num dado momento da viagem, os quatro jovens são surpreendidos por um rapaz bastante ferido, à procura de ajuda para salvar sua irmã, aprisionada por um louco em algum lugar no interior da floresta.
Tantos clichês nos fazem pensar “Lá vem Israel fazer o que os Estados Unidos já fizeram e está mais que saturado”. Vide Pânico (1996), o último slasher que realmente causou grande interesse no público. Depois dele, qual outro filme/personagem do subgênero teve tamanho impacto e entrou no imaginário das pessoas? (Samara, de O Chamado (2005)/Sadako, de Ringu (1998) não vale.).
E após alguns minutos, quase tomados pela sensação “eu já sei o que vai acontecer”, somos surpreendidos quando TODOS OS PERSONAGENS tomam um rumo totalmente inesperado. E tudo que imaginávamos, devido seus estereótipos, vai se desfazendo ao longo do filme. A essa altura do campeonato, deparar-se com tantos símbolos emblemáticos para o gênero sendo trabalhados de forma original é um tanto quanto satisfatório, principalmente para os fãs do terror.
Dotados de grande frieza e humor negro, Raiva consegue atingir pontos extremos em questão de segundos, nos fazendo rir pelo absurdo, pelo inesperado e, certamente, de nervoso pelas cenas cruas e violentas. Tudo num emaranhado que faz com que as histórias se cruzem de forma inesperada, porém possível.
E o que facilmente seria um grupo de adolescentes parando no lugar errado, na hora errada e possivelmente perseguidos por um louco floresta adentro passa a ser uma grande metáfora sobre o que nomeia o filme. Todos vivenciam a raiva, e as razões pelo qual a sentimos, muitas vezes, podem nos salvar ou nos destruir. Se não soubermos doma-la, certamente já estaríamos mortos, ou matado alguém por alguma futilidade. Assim como a dor física é necessária para nos apresentar um limite e assim nos proteger (Pesquise sobre os portadores da síndrome de Riley-Day e entenderá), saber agir quando tomado pela raiva segue um princípio parecido.

Certamente existem elementos da cultura israelense e, talvez, até críticas, que somente um natural de lá entenda. Vide as piadas do desenho South Park. Assista um episódio ao lado de um americano, é certo de que ele rirá muito mais que você.
Raiva remeteu-me à extinta série Lost, pela maneira como as coisas são apresentadas. Apesar da total distinção entre os trabalhos, ambos apresentam uma ideia e, em cima dela, trabalham fatores mais intensos. Estar numa ilha deserta em Lost era o mínino, quando comparado ao que o título significava em suas vidas. Em Raiva, acontece o mesmo, nos levando a uma viagem de questionamentos.
Em Pânico 1 não existem negros, em Raiva, todo o filme acontece durante o dia e não chove. Sim, isso é uma grande ironia.

E qual o pensamento que tirei sobre?
Que Israel continue brincando com os clichês americanos.
Ganhou os prêmios de:
2011- Awards of the Israeli Film Academy – Melhor Maquiagem (Elinor Gigi. Esther Ben-Noon).
2011 - Fantasporto – Prêmio da crítica (Aharon Keshales. Navot Papushado).
2011 – Puchon International Fantastic Film Festival – Menção especial (Aharon Keshales. Navot Papushado).

Assista o trailer no vídeo abaixo:

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